A queimada ainda é muito utilizada pelos agricultores para limpeza e preparo do solo antes do plantio. Muitas vezes, essa prática é feita de maneira indiscriminada e sem acompanhamento, causando danos ao solo, como a eliminação de nutrientes essenciais às plantas. As queimadas também trazem uma série de prejuízos à biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas e a qualidade do ar.
Em Roraima, estado que apresenta altos índices de queimadas, a Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), e as demais instituições que compõem o Comitê Estadual de Prevenção e Controle de Queimadas e Combate a Incêndios Florestais, já delimitaram o calendário para uso do fogo no estado, que vai de fevereiro a março deste ano.
Segundo o pesquisador da Embrapa Edmilson Evangelista, a queimada é a última alternativa para a limpeza da área, pois, além de eliminar os restos vegetais, precursores na formação da matéria orgânica do solo, ainda prejudicam a atmosfera pela liberação de gases que contribuem para o aquecimento global.
Segundo ele, em curto prazo, a queima pode até favorecer a renovação da vegetação, apresentando-se como uma ferramenta acessível e de baixo custo, mas, em longo prazo, as consequências não são tão positivas, gerando a degradação do solo pela exposição direta a chuva, eliminação da biodiversidade animal e vegetal, fatores importantes para o controle de pragas e doenças, e perda de nutrientes essenciais ao crescimento das plantas.
Como forma alternativa ao uso do fogo na agricultura, a Embrapa vem desenvolvendo e pesquisando sistemas de produção sustentáveis, que não necessitam do fogo para limpeza ou manutenção. Entre essas tecnologias, destacam-se os sistemas agroflorestais, o sistema plantio direto, a trituração da capoeira e a Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), dentre outras.
Para os casos específicos, em que não há alternativa a não ser a queima, o agrônomo adverte que é indispensável seguir a legislação vigente, que inclui autorização dos órgãos competentes, além de se tomar as devidas precauções no momento de realização da atividade de queima. As penalidades para quem não obedecer à legislação envolvem a prisão (de três a seis anos) e multas que variam conforme a gravidade da infração, podendo chegar a R$ 50 milhões, dependendo da área queimada e desmatada.
Queimada controlada
A queima controlada consiste em manejar o fogo nas áreas previamente estabelecidas no sentido de prevenir a ocorrência de incêndios. O primeiro passo é ter a autorização junto à Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hidricos (FEMARH), com a apresentação dos seguintes documentos: CPF, identidade, título da propriedade e autorização de desmatamento. Os produtores que solicitaram a autorização de queima terão suporte gratuito do Corpo de Bombeiros, Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Femarh.
De posse da autorização algumas orientações deverão ser seguidas, como:
- Comunicar aos vizinhos o dia da queima;
- Notificar os órgãos responsáveis sobre o dia e horário da queima;
- Estudar as características do terreno (declividade, tamanho da área a ser queimada, teor de umidade do solo);
- Fazer aceiros (devem medir no mínimo 3 m);
- Verificar clima e horário (força e direção do vento, temperatura)
- Instruir e preparar o pessoal que vai fazer a queima.
Demonstração
Com o intuito de demonstrar as técnicas para a realização de uma queimada controlada, bem como conscientizar os produtores rurais de Roraima quanto as legislação para queimadas no estado, a Embrapa promoverá nesta sexta-feira (06/02), no Campo Experimental Serra da Prata, uma demonstração prática direcionada a produtores e técnicos agrícolas. A demonstração acontecerá das 16h as 17h30 e contará com o apoio da Femarh e Ibama.
Fonte: Embrapa